Atributos químicos do solo em áreas sob conversão de floresta para pastagem no sul da Amazônia brasileira
Scientific Reports volume 12, Número do artigo: 22555 (2022) Citar este artigo
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O sul da Amazônia brasileira é uma das maiores regiões produtoras de gado do Brasil, porém, a maior parte das pastagens está em solos de baixa fertilidade. Assim, os pecuaristas compensam a baixa produção das pastagens, aumentando o tamanho das áreas, gerando mais desmatamento e queimadas. Essas práticas aumentam o processo de degradação química dos solos amazônicos, tornando-os cada vez mais inférteis quando manejados de forma inadequada. Com isso, o objetivo do trabalho foi avaliar os impactos causados nos atributos químicos dos solos, em áreas sob conversão floresta-pasto, no sul da Amazônia brasileira. O estudo foi realizado no distrito de União Bandeirantes, em uma área de mata e duas áreas com pastagens (braquiária e capim mombaça). No campo, amostras de solo foram coletadas em duas profundidades (0,00–0,10 e 0,10–0,20 m), para a realização de análises químicas. Além disso, foram realizadas análises estatísticas uni, bi e multivariadas, além de análises geoestatísticas para estudar a variabilidade espacial e as zonas de manejo. A conversão de floresta em pastagem aumentou os teores de pH e bases trocáveis, reduzindo a disponibilidade de alumínio trocável e a acidez potencial, porém induz perdas de fósforo e carbono orgânico do solo. Dentre os ambientes de pastagem, a área de capim mombaça apresentou maior fertilidade. Maior variabilidade espacial dos atributos químicos foi observada no ambiente com capim-mombaça, indicando maior heterogeneidade na distribuição dos atributos na área. Atribuímos esse comportamento à maior intensidade de pastejo e aos micro-relevos da área que direcionam o fluxo de água e nutrientes.
O estado de Rondônia está intimamente ligado à produção agropecuária, dentre as quais se destaca a pecuária, sendo o quinto maior produtor entre os estados brasileiros com 13.871.863 cabeças bovinas. Porto Velho, capital do estado, é um importante produtor de gado, ocupando a sétima posição entre os municípios com 968.778 cabeças1. No entanto, estudos mostram que as áreas de pastagem vão se degradando com o tempo, devido ao baixo manejo adotado2, causando perdas na produção de leite e carne. Portanto, estudos na região que avaliem a fertilidade do solo sob pastagens são necessários para fornecer informações sobre os impactos gerados e quais atributos são mais sensíveis.
Dentre as culturas comerciais, as espécies forrageiras representam as plantas de interesse econômico mais cultivadas no Brasil e no mundo3. Dentre as plantas forrageiras utilizadas pelos animais, as gramíneas dos gêneros Brachiaria e Panicum são as principais opções para alimentação do rebanho bovino brasileiro4.
A prática de derrubada e queimada tem sido uma alternativa barata para desmatar áreas de floresta e introduzir pastagens na Amazônia5. Após seu uso, se o solo não for manejado corretamente, pode causar alterações negativas em seus atributos e, consequentemente, degradação. Nesse caso, o relevo mais inclinado pode intensificá-los6. O relevo, ou posição topográfica, é capaz de alterar o teor de água do solo e a intensidade dos processos de remoção e deposição de sedimentos (erosão)7, aumentando os riscos de erosão e perda de nutrientes8. Em estudos avaliando a conversão floresta-pasto, Araújo et al.9 e Lisbôa et al.10 mostraram que os atributos químicos mais sensíveis são matéria orgânica, Ca2+, Mg2+, K+ e P.
Em sistemas de pastagem, quando bem manejados, podem melhorar muitas propriedades do solo, como retenção de água, matéria orgânica do solo e ciclagem de nutrientes11. Braz et al.12 observaram um aumento nos estoques de carbono do solo após 8 anos de uso com pastagens em relação à floresta, e que, se o fogo for usado com frequência para limpeza, há uma diminuição. Além disso, constataram que a conversão de floresta em pastagem com o uso do fogo aumenta os valores de pH e a disponibilidade de P, Ca2+ e K+ no solo, e diminui o Al3+ trocável.